31/08/2008

Calça curta

Cresci ouvindo pessoas criticando a televisão, dizendo que o conteúdo não era bom. E as críticas se expandiam para os demais veículos de comunicação, e perpetuam. Da mesma forma que escutamos as pessoas criticarem os políticos.

No ano de 2005, parei para dar uma olhada na minha vida, e vou ser sincero, não gostei do que vi. O emprego que tinha na época até que era bom, mas, não era o que eu tinha sonhado quando criança, e estava longe de ser o que queria para o resto da minha vida. Estudar, prestar vestibular encarar cadernos, livros, provas e trabalhos, era algo que já tinha até descartado. Isso somado a um ambiente familiar um tanto quanto conturbado, e um relacionamento (namoro), que teve como ponto final um barraco em uma festa. Não dava mais para ficar acomodado, correndo atrás da máquina e conformado com as frustrações.

Era a hora de buscar a liberdade, e da um rumo para vida, reformular os planos e finalmente ter um propósito. Naquele momento associei tudo de errado, que vinha me acontecendo, ao alcoolismo. Ficar um fim de semana sem consumir algum tipo de bebida alcoólica era uma dificuldade tremenda. E o que era fundamental nos fins de semana, estava aos poucos – em pequenas doses – fazendo parte também das quartas ou quintas, hoje tenho plena certeza, que mais cedo ou mais tarde, viria fazer parte do meu dia-a-dia. Chegando a tal constatação, após parar para pensar, me posicionei e decidi: Não bebo mais.

Na teoria, pensei que tal atitude seria a solução para todos os meus problemas. Mas, sóbrio se descobre que o alcoolismo é apenas uma porta de entrada. Havia muito mais na minha vida, meu caráter, que precisava ser tratado. Na prática o início foi complicado – chegava a sonhar com cerveja gelada – porém, depois de um ano me dei conta de que não tinha morrido, e finalmente estava livre de algo que aprisiona muita gente. Eu sabia que sozinho não conseguiria ficar sem aquilo, que acreditava trazer felicidade. Não pedi para ser internado em clínica, ou algum de tipo auxílio médico – químico ou psicológico. Criado em um lar católico, voltei a freqüentar as missas e principalmente, a ler a bíblia.

Logo de cara me deparei com algumas contradições entre o que estava lendo e o que via dentro da igreja. Isso me fez manter o foco, na compreensão da palavra de Deus, ao invés de me apegar a uma religião. Já entendia que a mudança deveria partir da minha pessoa, e não acreditar em regras costumes e simbologias. Tenho memorizado um versículo que sem dúvida, jamais vou esquecer: Tudo me é permitido, mas, nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas, não me deixarei dominar por coisa alguma. Assim, aplico em muitas coisas da vida, o que está escrito em I Coríntios 6.12, entre elas – além do álcool e outras drogas – está a mentira. Posso mentir? Claro que posso, eu tenho liberdade para isso. Mas, será que me convém, e pergunto, aquilo que é construído em cima de mentiras pode ser considerado algo sólido? Quando uma mentira é descoberta, com que olhos o traído passará a olhar o traidor?

Um pouco mais de um ano depois, vivendo um relacionamento mais tranqüilo e estável, mesmo desempregado, estava decidido a lutar por um futuro melhor, um pouco clichê disser isso, mas, realmente eu queria fazer valer a minha liberdade. Por influência da namorada - estudante de psicologia – estava decidido, prestaria o vestibular de inverno de 2006. Com isso surge a questão, o que quero ser profissionalmente? É aqui que volto ao início do texto.

Se o conteúdo nos veículos de comunicação não é bom, por que não estudar para ser um bom profissional na área. Qual curso? Com experiência de dois anos em rádio comunitária, não restava dúvidas, Rádio e Televisão. Quando busquei na Unisinos informações a respeito, me deparei com o curso de Jornalismo e seu leque de opções. É uma área vasta e carente de bons profissionais. Hoje, sem dúvida, se temos críticas direcionadas aos veículos de comunicação, é porque o número de profissionais, que abriram mão do bom senso e deixam de lado a ética, quando lhes convém, se tornou grande. Acredito na minha capacidade profissional, não apenas baseado no que aprendo em sala de aula.

Talvez não tenha ficado claro no decorrer do texto, mas eu me converti, em 2007 conheci uma igreja que me auxilia, na busca de ser um cristão e não um religioso. No primeiro momento da minha conversão, me questionei, se seria possível e qual a importância de um cristão dentro da comunicação. Ao pensar nisso, neste momento, me sinto até ridículo, pois a importância tornou-se clara. Não encontrei na bíblia nenhum versículo que diga “profissional da comunicação, seja ético”, mas, com outras palavras inseridas em outro contexto, entendo entre muitas coisas, dois pontos fundamentais. O pai da mentira é o diabo, que também pode ser chamado de Calça Curta, por que? A mentira tem perna curta. E também, devo aplicar o mesmo peso e mesma medida para todos.

Não mentir e ser justo, princípios básicos para viver como cristão, e assim, ser ético.

3 comentários:

Vinícius Testa disse...

Este texto foi escrito para a cadeira de Ética e Comunicação, com o professor Inácio Pinzetta. Deveria ser desenvolvido a partir da leitura do texto O que é a ética de Fernando Savater. Críticas são bem vindas, assim como, as correções. Sei que o meu português não é lá estas coisas. Por isso, fique a vontade e fale o que viu de errado, você estará colaborando para a formação de um bom profissional da comunicação.

Fábio Fuchs Klein disse...

Parabéns Testa muito bom !!! Gostei mesmo, tu tem talento guri hehehee! Abrass

Vinícius Testa disse...

Valeo Fuchs! Sr. Renato não me paga salário, ele faz é investimento, kkkk.

paz!